O professor adentra a sala, lá está aquele aluno com seu bendito Celular, fone no ouvido, se balançando na carteira, com olhar irônico, provocativo. O professor pensa automaticamente, o que eu faço? Ignoro ou mais uma vez entro em confronto? Mando mais um recado para o pai ou a mãe comparecer à escola? Devo falar a respeito da importância da aula, de prestar a atenção, do compromisso que ele deve ter para com a escola, para com a vida, do futuro, bla, bla, bla. Situação corriqueira. Como conciliar a liberdade com a disciplina, a democracia com o respeito à autoridade?
O aluno
diz, meu professor é chato, fala demais, não faz uma aula diferente. Pois é, o
estudante quer uma aula diferente, divertida. Ele quer se divertir, todo dia,
quer um show, igual à televisão, ao circo, ao cinema. Ele não quer tédio, não
quer se entediar com uma rotina, com atividades que exija esforço de pensar, de
fazer, a não ser que seja de uma forma divertida. Eu não entendo o que esse
professor diz, diz o aluno. Aí estar implícita uma insinuação, uma crítica, não
uma autocrítica, quer dizer, ele não sabe explicar. O problema é dele. É ele
que deve traduzir as coisas de forma que seja fácil para o entendimento do
aluno e não o aluno que precisa se esforçar
para capitar melhor, compreender
o sentido das coisas, inclusive ser
capaz de discutir de forma crítica. O aluno tem de estar numa situação cômoda,
inclusive ainda pode se aborrecer com o ambiente que exige dele algum tipo de disciplina. Ora,
onde já se viu? Não sabem que agora o centro de tudo sou eu? Eu sou o astro
rei, vocês todos gravitam em torno de mim, afinal isso aqui só existe por minha
causa! Quero ver ter escola, ter professor sem ter aluno! E o tirano ainda é o
professor... Quem deve dizer se um
professor é “bom” são seus alunos. Inverte-se os papéis, quem é a autoridade?
Quem está tendo de fato autoridade?
Não acham que os papéis estão
invertidos? Por que os índices educacionais do Brasil são tão baixos?
A Constituição Federal e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB) garantem 200 dias letivos e 800
horas-aulas por ano e ainda há propostas para aumentar esse tempo retirando o
tão salutar recesso de julho (15 dias), um tempinho, uma paradinha para que o
professor possa respirar um pouco aliviado, organizar as burocracias que muitas
vezes o oprimem, relaxar um pouquinho, e reorganizar-se para o segundo, e mais estressantes
ainda, semestre. Muitos sistemas escolares implantaram a escola integral,
investem em tecnologia na escola e até fornecem equipamentos, como tablets, aos
alunos. Não que eu seja contra, mas não
adianta muito aumentar o tempo na escola, disponibilizar equipamentos se não
houver uma cultura de valorização da educação, do conhecimento, se não houver
respeito ao profissional que presta este
serviço.
Qual é mesmo a representação
social da educação, da escola e do professor por parte de alunos, e da
sociedade?
O discurso de todos é afinado,
mas, na prática, valorizamos mesmo a educação e a escola, sobretudo, a escola
pública?
No discurso, o professor é
valorizado, mas nas práticas diárias, no salário, nas interações do trabalho,
em diversas instâncias ele é desautorizado.
Não trago respostas, deixo aqui
apenas esses questionamentos.
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