quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A SAÚDE PÚBLICA PEDE SOCORRO

Queria começar esse artigo fazendo uma pergunta, A SAÚDE PÚBLICA TEM SOLUÇÃO? Deixo para cada um de vocês responder a essa pergunta de acordo com a percepção que tenha sobre o tema, entretanto, há algumas considerações que gostaria de fazer. O descaso de alguns agentes do governo e de alguns profissionais de saúde, como médicos e atendentes, faz a gente pensar, porque tanta insensibilidade para com a população mais carente que tanto precisa desse serviço? Primeiro pensemos um pouco sobre o que é saúde pública? Ela tem a finalidade de 1) prevenir várias doenças, como, por exemplo,  a dengue - que exige cuidados que devemos ter com o ambiente em que vivemos, e tem relação com o clima etc.-; 2) tratar da saúde física psicológica e mental das pessoas de forma preventiva e 3) curar ou fazer o controle das doenças crônicas. 
Cada estado e município deve investir em construção e reforma de postos de saúde e hospitais  como também em pesquisas e treinamento dos profissionais da área, o que supostamente levaria a um sistema eficiente para garantir uma segurança a população no sentido de poder contar com um atendimento eficiente, mas, sabia que o nosso país está entre os  piores em atendimento  de saúde no mundo? Pois é, está em 108º lugar entre os 126 do mundo em 2013, tendo como fonte  o relatório das Nações Unidas, e tem o maior índice de reprovação e insatisfação  popular, 57%. Também  pudera,  o que vemos na mídia cotidianamente é um verdadeiro caos  que faz a população  passar por situações  de constrangimento, desespero e humilhação. Da poltrona de nossas casas assistimos aos absurdos que acontecem na saúde pública, quando não somos nós mesmos os protagonistas de uma tragédia. Mas isso não é tudo, é preciso reconhecer que há muita coisa funcionando bem, muita gente trabalhando corretamente, muitas experiências de sucesso.
Do outro lado, temos parte da classe médica insatisfeita com salários e condições de trabalho, e com toda razão. Com a onda de protestos populares que varreu o país recentemente,  a reação do governo federal frente à cobrança da população por melhores serviços foi o  lançamento de um projeto que visa obrigar os médicos a trabalharem no serviço público por dois anos, quando da sua formação, para obterem o certificado - o que levou a classe a ir às ruas para protestar e denunciar a falta de estrutura do sistema público e de condições de trabalho que enfrentam. É legítimo os médicos lutarem por melhorias, mais qualificação  e melhores  salários, mas porque não o fizeram antes? Só quando se viram prejudicados é que essa situação incomodou? Lutar por melhoria dos serviços públicos é sempre bom, fazer protestos pacíficos é uma forma democrática e transparente de chamar a atenção para um problema, mas é preciso que haja, de fato, compromisso com a causa e não apenas a defesa de interesses corporativos.
Por outro lado, ouvimos com certa frequência  que aqui no Brasil está faltando médicos principalmente em certas áreas, pergunto: faltam mesmo médicos no Brasil? Faltam, para quem não tem dinheiro. Então o problema não é a escassez de profissionais e sim a estrutura socioeconômica, cultural e política. Por que o SUS não funciona bem? É uma questão de recursos insuficientes? Claro que é preciso investir mais no sistema, mas não é só isso, como também não é só um problema de gestão governamental. Mesmo reconhecendo que um médico ganha pouco para trabalhar no serviço público, temos de ver que os outros  profissionais da saúde, tais como  enfermeiras, porteiros, maqueiros, técnicos, serviços gerais,  ganham muito menos e é comum chegar em um hospital e encontrar esses profissionais trabalhando, cumprindo seu horário, enquanto o médico, em algumas  vezes não está, e em outras, ele se encontra no trabalho mas não está atendendo. É que ele goza de um “status” e de uma “autoridade” que o torna inatingível. Se ele achar que deve fazer, ele faz, se não.... Muitos desses profissionais são realmente pessoas que merecem todo o nosso reconhecimento, que enfrentam todas as adversidades e acabam tendo que fazer mais até do que o que é de sua alçada dada às condições de trabalho que lhes são impostas.  Mas a profissão de médico, normalmente proporciona além de status, possibilidades de ganhos bem acima de outras profissões quando este  atende em um consultório próprio, pois ele é livre para cobrar conforme entenda que é o preço justo, visto que não há regulamentação da relação entre prestador de serviços e clientes. Como o serviço público não funciona, as pessoas se veem forçadas, quando a situação é grave ou parece ser, a pagarem o preço exigido e isso ainda é mais grave nos interiores, nas pequenas cidades. Para quem pode pagar, tudo bem, não há problema, é até bom que exista um serviço exclusivo, especial, pois é para isso que o dinheiro serve, no entanto, a maioria não dispõe de recursos financeiros suficientes. É por isso que se deve garantir um serviço público digno tanto para os profissionais como, e principalmente para o usuário, até porque, a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado, sendo assim, este tem de garantir o acesso a esse serviço a todos. Não deveria, portanto, ser vista como mercadoria, como fonte de enriquecimento, já que é uma necessidade humana tão essencial. Não estou aqui negando a importância que têm as clínicas e laboratórios particulares, reconheço o serviço que prestam, como também o dos médicos particulares, o que afirmo é que saúde de qualidade é um direito de todos e o Estado existe  para garantir esse direito. No entanto, a questão não é tão simples assim, o Estado é uma estrutura complexa, e no caso do Brasil, formada por três entes federados cuja relação não vem sendo muito harmoniosa. Há corrupção nas três esferas e uma falta de transparência e controle que faz com que  o envio de mais recursos para os estados e municípios, não necessariamente, sejam aplicados na melhoria dos serviços. É por isso que eu acho importante a medida do governo federal de contratar médicos de outros países, caso seja necessário, para suprir a demanda no serviço público, mas é preciso dar mais condições de trabalho com bons salários e recursos suficientes para que o atendimento possa ser feito com qualidade. Pode   ser que diminua os rendimentos dos médicos que atendem em seus consultórios luxuosos, mas irá melhorar a vida de milhões de pessoas e, por outro lado, os municípios e estados a saúde não ficarão na dependência de políticas locais apenas, que poderá, ou não, se adequar às necessidades reais de seus usuários.
   

    




Nenhum comentário:

Postar um comentário