quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Poema Se

Hermógenes


Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.


José Hermógenes de Andrade Filho, mais conhecido como Prof. Hermógenes, é um escritor, professor e divulgador brasileiro de hatha ioga. Fundador da Academia Hermógenes de Yoga e autor de Yoga para Nervosos, dentre outros.


Nascido em 1922, em Natal, Rio Grande do Norte, José Hermógenes de Andrade Filho é considerado o pioneiro em medicina holística no Brasil, com mais de 42 anos de prática e ensino de yoga. Filósofo, poeta, escritor e terapeuta, o professor Hermógenes costuma dizer que se sente mais jovem hoje, aos 82 anos, do que se sentia aos 35. Doutor em yogaterapia, título concedido pelo World Development Parliament, da Índia, é o criador do treinamento anti-stress.


sábado, 19 de outubro de 2013

O paciente

O paciente chega a um hospital "público" (conveniado ao SUS) e dirigindo-se à recepcionista a cumprimenta e pergunta:
- tem médico plantonista?
- bem, eu não sei se ele ainda vai atender, mas, entre por esse corredor e fale com o Recardo, quem sabe?
O paciente entra, procura e não vê ninguém. Para e diante dele está um birô, senta-se na cadeira posta diante dele e aguarda. Alguns minutos transcorridos e o Dr. José Augusto chega, senta-se na cadeira que está posta ao lado oposto do birô e indaga:
- diga, o deseja?
- bem Dr., eu tenho crises de gota a algum tempo, no momento estou em crise, começou leve, o Sr. Sabe, foi se agravando ao ponto de eu não conseguir nem dormir.
- o Sr. veio ao lugar errado! Aqui é emergência, recebe acidentados, infartados, casos extremos! Quem é lhe acompanha? O Sr. Precisa ser acompanhado por um especialista! Esse caso seu não é comigo, procure um reumatologista!
- o Sr. Conhece algum que possa me indicar?
- não, não. Não tenho contato com essa gente, não. Mas procure que o Sr. encontra. Eu vou lhe ajudar, vou passar um remédio para aliviar a dor do seu joelho; estou vendo que o Sr. está com uma...
- não, não é no joelho. É no pé.
- Deixe-me anotar então no prontuário, pé di-rei-to.
- não, é o esquerdo.
- ah!, esquerdo, tá. Vá tome esse remédio, duas vezes ao dia. E procure um especialista. Essa sua inflamação no pé direito é grave...
- esquerdo Dr.
-isso é proveniente, talvez, de problemas mais graves, que pode estar agravando já os rins, por exemplo. Bem, vá e faça o que te disse, se cuide!
- Até mais, Dr., Obrigado.
Dois dias depois, o paciente volta ao mesmo hospital, se dirige  à recepcionista, a cumprimenta e pergunta:
- aqui tem reumatologista?
- nesta ala do hospital não, mas se dirija àquela, indo por aquele corredor, na outra recepção.
O paciente segue o mesmo ritual de antes até perguntar:
- vocês têm reumatologista aqui, atendendo no memento?
- temos, o Dr. José Augusto, mas ele já foi,só retornará  amanhã. A consulta custa 200 Reais e o atendimento é por ordem de chegada.
No outro dia o paciente volta ao hospital, paga a consulta, é atendido pelo (bem)dito médico que prontamente se mostra apto a resolver o problema, solicita raio X, sem confundir qual  pé está doente (cobra 100 Reais pelo raio X), prescreve medicamento adequado, orienta dieta e recomenda retorno para acompanhamento.

A semelhança com casos reais é mera coincidência.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Machado de Assis - O almocreve

Capítulo XXI
O almocreve

 Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dous corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, e com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo; tento agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, disparou pela estrada afora. Digo mal: tentou disparar, e efectivamente deu dous saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.
-- Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.

E era verdade; se o jumento corre por ali fora, contundia-me deveras, e não sei se a morte não estaria no fim do desastre; cabeça partida, uma congestão, qualquer transtorno cá dentro, lá se me ia a ciência em flor. O almocreve salvara-me talvez a vida; era positivo; eu sentia-o no sangue que me agitava o coração. Bom almocreve! enquanto eu tornava à consciência de mim mesmo, ele cuidava de consertar os arreios do jumento, com muito zelo e arte. Resolvi dar-lhe três moedas de ouro das cinco que trazia comigo; não porque tal fosse o preço da minha vida, -- essa era inestimável; mas porque era uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou. Está dito, dou-lhe as três moedas.

-- Pronto, disse ele, apresentando-me a rédea da cavalgadura.

-- Daqui a nada, respondi; deixa-me, que ainda não estou em mim...

-- Ora qual!

-- Pois não é certo que ia morrendo?

-- Se o jumento corre por aí fora, é possível; mas, com a ajuda do Senhor, viu vosmecê que não aconteceu nada.

Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro, e durante esse tempo cogitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moedas. Talvez uma. Com efeito, uma moeda era bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei-lhe a roupa; era um pobre diabo, que nunca jamais vira uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, via-a reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve, porque eu tinha-lhe voltado as costas; mas suspeitou-o talvez, entrou a falar ao jumento de um modo significativo; dava-lhe conselhos, dizia-lhe que tomasse juízo, que o «senhor doutor» podia castigá-lo; um monólogo paternal. Valha-me Deus! até ouvi estalar um beijo: era o almocreve que lhe beijava a testa.

-- Olé! exclamei.-- Queira vosmecê perdoar, mas o diabo do bicho está a olhar para a gente com tanta graça...

Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em prata, cavalguei o jumento, e segui a trote largo, um pouco vexado, melhor direi um pouco incerto do efeito da pratinha. Mas a algumas braças de distância, olhei para trás, o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes mostras de contentamento. Adverti que devia ser assim mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais. Meti os dedos no bolso do colete que trazia no corpo e senti umas moedas de cobre; eram os vinténs que eu devera ter dado ao almocreve, em lugar do cruzado em prata. Porque, enfim, ele não levou em mira nenhuma recompensa ou virtude, cedeu a um impulso natural, ao temperamento, aos hábitos do ofício; acresce que a circunstância de estar, não mais adeante nem mais atrás, mas justamente no ponto do desastre, parecia constituí-lo simples instrumento de Providência; e de um ou de outro modo, o mérito do ato era positivamente nenhum. Fiquei desconsolado com esta reflexão, chamei-me pródigo, lancei o cruzado à conta das minhas dissipações antigas; tive (por que não direi tudo?), tive remorsos.

Joaquim Maria Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas




Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839 e faleceu no em 29 de setembro de 1908 na mesma cidade. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentará o autodidata Machado de Assis.

Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões os intelectuais que se identificaram com a ideia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o princípio apoiou a ideia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.

É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.

Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.



 BIBLIOGRAFIA:

Comédia

Desencantos, 1861.
Tu, só tu, puro amor, 1881.

Poesia

Crisálidas, 1864.
Falenas, 1870.
Americanas, 1875.
Poesias completas, 1901.

Romance

Ressurreição, 1872.
A mão e a luva, 1874.
Helena, 1876.
Iaiá Garcia, 1878.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
Esaú Jacó, 1904.
Memorial de Aires, 1908.

Conto:

Contos Fluminenses,1870.
Histórias da meia-noite, 1873.
Papéis avulsos, 1882.
Histórias sem data, 1884.
Várias histórias, 1896.
Páginas recolhidas, 1899.
Relíquias de casa velha, 1906.

Teatro

Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
Hoje avental, amanhã luva, 1861.
O caminho da porta, 1862.
O protocolo, 1862.
Quase ministro, 1863.
Os deuses de casaca, 1865.
Tu, só tu, puro amor, 1881.

Algumas obras póstumas

Crítica, 1910.
Teatro coligido, 1910.
Outras relíquias, 1921.
Correspondência, 1932.
A semana, 1914/1937.
Páginas escolhidas, 1921.
Novas relíquias, 1932.
Crônicas, 1937.
Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.
Crítica literária, 1937.
Crítica teatral, 1937.
Histórias românticas, 1937.
Páginas esquecidas, 1939.
Casa velha, 1944.
Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.
Crônicas de Lélio, 1958.
Conto de escola, 2002.

Antologias

Obras completas (31 volumes), 1936.
Contos e crônicas, 1958.
Contos esparsos, 1966.
Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A pessoa errada ou certa? - Luis Fernando Veríssimo

Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho! Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas. Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor... A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas. Essa pessoa vai tirar seu sono. Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você. Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa. Nada aqui é certo! O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...
E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus deu tudo certo" Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...



Luis Fernando Veríssimo



Biografia:

Luis Fernando Veríssimo nasceu em 26 de setembro de 1936 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Filho do escritor Erico Veríssimo e Mafalda Veríssimo, é o escritor que mais vende livros no Brasil. Seu trabalho também é conhecido na TV, que adaptou para minissérie o livro Comédias da Vida Privada. Atualmente, escreve para os jornais Zero Hora, O Estado de São Paulo e O Globo. Criou personagens As Cobras, cujas tiras de quadrinhos são publicadas em diversos jornais.




Obras do autor:

A Mesa Voadora - 1978
Ed Mort e Outras Histórias - 1979
Sexo na Cabeça - 1980
O Analista de Bagé - 1981 (100ª edição em 1995)
Outras do Analista de Bagé - 1982
O Analista de Bagé em Quadrinhos - 1983
Ed Mort Porocurando o Silva - 1985
Ed Mort em Disneyworld Blues - 1987
O Jardim do Diabo - 1988
Ed Mort com a Mão no Milhão - 1988
Ed Mort em Conexão Nazista - 1989
Traçando Nova York - 1991
Traçando Paris - 1992
O Suicida e o Computador - 1992
Pai Não Entende Nada - 1993
Traçando Roma - 1993
Comédias da Vida Privada - 1994
Traçando Tóquio - 1995
Comédias da Vida Pública - 1895
Comédias da Vida Privada - 1996
Novas Comédias da Vida Privada - 1996


sábado, 5 de outubro de 2013

HOMENAGEM AO PROFESSOR




Não foi por amor, nem por desilusão
Nem por paixão, nem por decepção
Nem por esperança, nem por desesperança
Nem por tranquilidade, nem por desespero
Nem pelo certo, nem pelo o errado
Nem pra sorrir, nem pra chorar
Nem pra curtir, nem  pra me cansar
Nem pra fingir, nem pra chocar
Mas como professor:
Amei
Me desiludi
Esperei
Me desesperei
Fiz certo
Errei
Sorri
Chorei
Curti
Cansei
Fingi
Choquei.
Ser professor não é fácil, exige muito, muito mesmo, não é uma profissão qualquer, não é pra qualquer um e nem sempre se é compreendido, nem sempre se é amado, nem sempre se é reconhecido e quase nunca se é valorizado, por isso neste dia 15 de outubro, dia do professor, quero parabenizar a todos que se dedicam a esse ofício, desejando que curtam esse dia com orgulho e alegria.



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

PAPO MALUCO BELEZA

Memórias de Raul Seixas.

Eu nasci há dez mil anos atrás, estou aprendendo a ser louco e vou ficar com certeza maluco beleza, sou estrela no abismo do espaço,  mas prefiro mesmo é  ser essa metamorfose ambulante e não me pergunte por que, Deus, o tudo, o nada, o acaso, seja o que for.

Eu já consegui tudo o que quis e agora eu me pergunto e daí, tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar e não posso ficar aí parado, mas não quero ser prefeito, pode ser que eu seja eleito e alguém pode querer me assassinar e pode  acreditar que eu não queria servir ao exército, mas, meu Deus, eu passo sete dias úteis traçando nove dias fúteis, fazendo planos de papel. E te peço, meu Pai,  se o medo da loucura, dessa estrada escura, me afastar da luz que me conduz, meu Pai, olha teu filho, meu Pai, ajuda o filho, meu Pai.

Às vezes sou a mosca que pousou na sua sopa, mas sei que pra passar a noite na cocheira tem que ter o mesmo cheiro do cavalo pra não incomodar, então entre e vem correndo para mim, meu princípio já chegou ao fim e o que me resta agora é o seu amor. 

Já falei de tantos números que até esqueci alguns, mas as coisas que falei não são lá muito comuns, falei que a solução é alugar o Brasil e que nós não vamos pagar nada, que o hoje á apenas um furo no futuro por onde o passado começa a jorrar, mas tente me ensinar de suas coisas, que a vida é séria e a guerra é dura, mas se não poder cale essa boca e deixe-me viver minha loucura.

Eu perdi o meu medo da chuva, mas conserve seu medo, sempre ficando sem medo de nada, pois o negócio é: saber que o mar não está pra peixe, sair pra pescar, dormir sem medo do outro dia que tá pra chegar.

E te digo, se você correu, correu, correu tanto e não chegou a lugar nenhum, bem-vindo ao século XXI.

Vou rasgar dinheiro, tocar fogo nele só pra variar, mas eu queria cantar o ano inteiro nesse carnaval, e fim de papo.





quinta-feira, 3 de outubro de 2013

SEJA VOCÊ MESMO



 Acho que você que por curiosidade ou por algum outro motivo está lendo esse artigo, já se fez essas indagações em algum momento:
Por que isso está acontecendo comigo? Por que algumas pessoas me criticam tanto? Tento fazer tudo corretamente, mas algumas pessoas demonstram não gostar de nada que eu faço. Por que algumas coisas que sonho  em realizar têm dado errado? E  se pergunta, onde está errando. E se sente excluído, rejeitado, sozinho sem ter com quem contar, aí se sente culpado/a. 

A vontade de ser popular, ser tratado/a como uma pessoa especial, de não  ser apenas mais um na multidão pode atrapalhar muito nossas vidas, pode comprometer nossas relações pessoais porque nos leva a ser perfeccionistas, a querermos ser uma pessoa idealizada, artificial. Além disso, à medida que nos tornamos exigentes com nós mesmo, sem perceber fazemos o mesmo com os demais provocando antipatias múltiplas. Isso vira um bola de neve, um círculo vicioso, uma patologia crônica.
  
Na minha opinião, O melhor é ser você mesmo, aceitar os próprios erros e defeitos  sem se preocupar excessivamente se está agradando ou satisfazendo os gostos das pessoas seja no âmbito familiar ou social. Ser autêntico e se valorizar, reconhecer o que tem de melhor também, mas  com calma, é bom também cultivar a humildade em tudo que pretender fazer, colocar amor e dedicação. Buscar ser perfeito é bobagem,  pois ninguém o é,  todos nós temos nossos defeitos e qualidades e temos  nossas neuras também.  Mas o que é importante é que levemos tudo que dizem a nosso respeito como críticas e outras coisas que afetam nossa autoestima como forma de aprendizado e não levarmos para lado destrutivo. Quanto mais lhe criticarem, mais erga a sua cabeça, ame-se, valorize-se, mostre que está de bem com a vida e vá em frente com fé e otimismo  e verá que nada nem ninguém poderá lhe atingir, verá sua vida se tornar frutífera.  Sendo uma pessoa mais autêntica você se tornará mais feliz nesse corre-corre que é a vida moderna.



1º DE OUTUBRO, DIA DO IDOSO




Mais do que merecida, essa homenagem que se faz a essas pessoas que têm muito para  nos transmitir, são lições de vida e experiências que só quem viveu pode contar. São  tantas as histórias,  relatos de  como era no seu tempo de juventude, mas também as dificuldades e frustrações  que passaram no decorrer  da vida. Eles deram sua contribuição para a nossa história e com seus erros e acertos construíram um legado para nós.
É considerada idosa pela Organização Mundial da  Saúde (OMS) a  pessoa com mais de 65 anos de idade. Essa  fase é comumente denominada de "terceira idade".  O   estudo a respeito do processo de envelhecimento é chamado  Gerontologia e o  das doenças que  afetam as pessoas idosas é chamado Geriatria. 
A expectativa de vida das mulheres é maior do que a dos homens, é em média  4 anos  a mais no Brasil. De acordo com (OMS) a expectativa de vida é de 68 para os homens e 75 para as mulheres, já em países mais pobres, como a Etiópia na África, a média é em torno de 60 e 65 anos respectivamente ou menor ainda. 
O estatuto do idoso entrou em vigor no dia  01 de outubro de 2003, está, portanto,  fazendo 10 anos.
Atualmente os idosos vêm se cuidando, se valorizando cada vez mais, estão mais ativos e participantes na vida em sociedade, buscando fazer jus a expressão  "melhor idade",  muito utilizada também para se referir a esse grupo de pessoas.  Eles  estão praticando atividades físicas, participando de festas, fazendo excursões  e  se conectando à internet , isso os faz  ficarem de bem com a vida.
Mas  o que é preocupante é que ainda há muito   desrespeito e  violência  contra eles, pois há pessoas que  não respeitam os direitos específicos desse grupo, tomam suas vagas no trânsito, não dão preferência em acentos em transportes coletivos, não dão prioridade nos serviços públicos, é uma questão de civilidade. O  que é pior ainda, a negligência com relação à saúde, ou seja, ao acesso a serviços  públicos de saúde que pode levar à morte. É revoltante saber que alguns filhos e netos os exploram e  maltratam  física e psicologicamente  e os abandonam às vezes a própria sorte. Vamos tratar bem nossos idosos, pois eles são nossos tesouros, e nessa fase da vida se encontram com fragilidades físicas, emocionais e psicológicas que requerem um tratamento especial, precisam se sentir amados e respeitados e, acima de tudo se sentir seguros, segurança que deve vir  principalmente dos seu entes familiares.  
Parabéns ao idoso pelo seu dia, que todos vivam esse dia com alegria!





terça-feira, 1 de outubro de 2013

CRIANÇA - fragilidade, alegria e doçora

Todos nós fomos criança um dia, óbvio. É a fase melhor  mesmo para quem teve uma infância difícil, um tanto privado das brincadeiras. No passado, a criança não tinha a mesma liberdade que tem hoje, também a relação entre pais e filhos era diferente, pois não havia muita abertura ao diálogo. Se dirigir ao pai ou à mãe de forma espontânea podia ser interpretado como atrevimentos ou desrespeito, sobretudo em se tratando de famílias mais conservadoras, havia muitos tabus. Por conta disso,  as crianças sofriam mais  violência física e psicológica, era uma infância diferente da de hoje, mas tinha também seus pontos positivos, por exemplo, não tínhamos  brinquedos caros, mas não faltava criatividade pra criá-los, latas, garrafas, vidros etc. tudo na mão da gente virava brinquedo, era uma verdadeira diversão, passava-se horas brincando. Mesmos com tantas barreiras, a família era mais unida, pois sem as tecnologias de hoje, os membros da família interagiam mais entre si, era comum os vizinhos conversarem na calçada de casa enquanto as crianças brincavam de escode-esconde, passa-anel, pega-pega e outras brincadeiras.
Hoje em dia as crianças têm mais liberdade de expressão, mais acolhimento, mais recursos, pois felizmente a sociedade mudou nesse sentido.  Hoje temos uma cultura mais aberta ao diálogo e uma melhor compreensão sobre o que é ser criança e as necessidades delas, embora ainda haja casos de abuso e violência, e situações extremas de carência de uma alimentação adequada, de educação, de cuidados básicos etc., mas de modo geral, com a chegada da tecnologia elas têm brinquedos de última geração como computadores, videogames, carrinhos de controle remoto, bonecas  que "falam" e muitos outros inventos que a cada dia vem tornando a garotada  mais animada e divertida, mas também deixam elas mais acomodadas, trancadas em casa sem fazer exercícios o que  prejudica muito a  saúde. Parece que saímos de um extremo para outro, de uma escassez a uma fartura, ou melhor, a um esbanjamento, de um controle muito rígido a uma ausência de controle. Muitos pais hoje não sabem o que fazer, não sabem como educar seus filhos, têm medo de exercer a autoridade confundindo-a com o autoritarismo de antes e acabam por criar um clima de anarquia (falta de autoridade)o que é prejudicial para os filhos que precisam de referências, de ensinamento, orientação.
De qualquer forma, ser criança é muito legal e todo adulto precisa conservar um pouco da criança que foi um dia e quando se têm filhos é uma boa oportunidade para reaprender. Queremos  dar aos nossos filhos o que não tivemos, mas precisamos também ensinar a disciplina e impor limites quando necessário. Eles precisam de atenção, dividir brincadeiras, respostas a tantas dúvidas, segurança, proteção, cuidados com a saúde, a higiene e a educação. É obrigação dos pais ou responsáveis, cuja omissão pode levar para que eles busquem lá fora as respostas que deveriam ter em casa, tornando-se vulneráveis a muitos perigos.

O Dia das Crianças está chegando, sei que muitos pais vão presentear seus filhos, e isso é bom, mas também é bom pensar se estamos sendo capazes de dar algo mais: o nosso tempo, nossa atenção, se estamos demonstrando interesse pelas coisas importantes para eles. Pensemos se estamos sendo capazes de escutar o que eles têm para nos dizer, pois a hora é agora, amanhã eles já estarão crescidos.