Muita gente costuma dizer:
“detesto política”. Fico a imaginar, o que é esse detestar a política? O que
elas detestam de fato? Que conceito de política está sendo expresso nessa
declaração?
Parece-me que muita gente está saturada da forma como
os políticos vêm fazendo política, como um negócio vantajoso que
compensa arriscar tudo, compensa qualquer esforço, principalmente o de passar
por cima dos escrúpulo em um “vale-tudo” em que o objetivo é somente o poder,
não importam as consequências, a sede de poder leva a essa luta patológica na
qual a pessoa deseja vencer a qualquer preço. O discurso político
atualmente tem sido pobre e enfadonho,
alguns candidatos se tornam ridículos, não expressam nenhuma convicção, nenhum
compromisso em suas falas, muitos prometem trabalhar por melhorias na saúde, na
educação, na segurança pública, assim, de forma genérica, sem demonstrarem
qualquer conhecimento ou estudo dessas questões e alguns vão um pouco além,
prometendo trabalhar para melhorar a mobilidade urbana - hoje reconhecida como
uma questão grave – e resolver o problema habitacionais - outro tema que está em evidência na mídia e na vida dos brasileiros-, é uma mesmice só. O eleitor, por sua vez, percebe claramente que muitos candidatos não
têm a menor ideia da trajetória que levaria ao ponto onde declaram que “querem
chegar”. Parece que alguns só estão
pensando mesmo é que, ao se elegerem, terão um mandato inteiro para usufruir
dele mais em benefício próprio do que em favor da sociedade.
Credenciado pelo voto, teoricamente, o político é considerado pessoa ilibada, mas em muitos casos isso não se confirma e, enquanto não se prova nada de errado em sua conduta – e é muito difícil provar - , ele tem o privilégio de cuidar dos “nossos interesses”, fazer contratos em nosso nome, decidir quais projetos devem ser implantados, quais políticas públicas serão elaboradas, os quadros que compõem as instituições públicas, a forma de contratar esses quadros, sem contar com própria composição do governo. Isso nas mãos de pessoas corruptas e/ou incompetentes, não dá outra, na certa vai rolar propinas, fraudes, desvio de recursos, nepotismo, aparelhamento o Estado.
Credenciado pelo voto, teoricamente, o político é considerado pessoa ilibada, mas em muitos casos isso não se confirma e, enquanto não se prova nada de errado em sua conduta – e é muito difícil provar - , ele tem o privilégio de cuidar dos “nossos interesses”, fazer contratos em nosso nome, decidir quais projetos devem ser implantados, quais políticas públicas serão elaboradas, os quadros que compõem as instituições públicas, a forma de contratar esses quadros, sem contar com própria composição do governo. Isso nas mãos de pessoas corruptas e/ou incompetentes, não dá outra, na certa vai rolar propinas, fraudes, desvio de recursos, nepotismo, aparelhamento o Estado.
O político é pessoa acostumada a viver na polêmica, a não ter vida privada, a enfrentar acusações. Ao se eleger ele já terá passado por uma exposição pública intensa, já terá enfrentado inimigos políticos numa luta sem muitas regras definidas, tem que ter sido capaz de se defender desses adversários que tentarão descredenciá-lo frente ao eleitor. Então a entrada na política, a disputa eleitoral, a disputa política - de projetos políticos - , em si, já se constitui uma formação, uma preparação, um condicionamento que as pessoas comuns não possuem. Mesmo na hipótese de um político honesto, íntegro, ilibado, este ao conviver no ambiente da política, terá de se adaptar a ele, o que exige sagacidade, astúcia, coragem, versatilidade e certa dose de espírito guerreiro. Esse preparo é necessário, mais é diferente de se corromper, é diferente de se tornar capaz de praticar atos criminosos, é diferente de perder o senso de ética, é diferente de se colocar acima da lei e da justiça e assim por diante.
Muitos moralistas, ao declararem que detestam política, se referem é claro à política partidária, aos poderes legislativo e executivo, aos que nos representam compondo esses quadros. Referem-se a eles como a um antro de ladrões, mentirosos, salafrários e outros adjetivos desqualificadores e se colocam como seu oposto. Muitas dessas pessoas não se veem como políticas, acham-se neutras, como se fosse possível viver essa neutralidade. Mas quantas pessoas questionam a si próprios em suas atitudes cotidianas. Se o problema da corrupção fosse só no âmbito da politica não teríamos tanta gente processada por estelionato, tantas outras denunciadas ao PROCON, tantos processos na justiça do trabalho, exploração do trabalho infantil, descumprimento das leis de trânsito. Pessoas comuns muitas vezes tentam resolver seus interesses através de fraudes, propinas, tráfico de influência e apadrinhamento achando isso normal e bom quando estão sendo beneficiados, no entanto, danoso quando se trata de terceiros. Querendo ou não somos políticos, vivemos em eterna disputa no ambiente familiar, social e do trabalho e independente da posição que ocupamos na sociedade, experimentamos relações equivalentes – sem disparidade de poderes - e assimétricas - com pessoas que detêm poder sobre a gente e com pessoas sobre as quais temos algum poder. São relações de poder, ou seja, relações políticas que nos colocam sempre à prova, pois olhando para essas relações saberemos se fazemos jus aos valores que professamos.
Uma coisa é certa, nos revoltamos
com tanta corrupção na política. Mas, de onde vêm os políticos? Eles saem do
seio da sociedade, fazem parte dela como todos nós, então, são reflexos dela, eles
respondem, de certa maneira, àquilo que ela quer. Não nos esqueçamos de que
corrupto e corruptor são dois lados de uma mesma moeda, por exemplo, na ação de
comprar e vender o voto há pessoas desonestas dos dois lados. A sociedade tem
recolocado no poder políticos que comprovadamente usaram seus mandatos para
locupletar, se envolveram em escândalos e foram condenados pela justiça, isto mostra que, de uma forma ou de outra, estas
prática ainda são aceitas por muita gente. Então, para cada época teremos
regras que definem o que é concebível e o que não é, e quem estabelece estas
regras é a sociedade. Nenhum político conseguirá, jamais, impor um modelo em
uma sociedade refratária a ele. Pensemos nisso e contribuamos para uma
sociedade mais racional e com valores mais democráticos, começando por nós
mesmos, estabelecendo relação mais honestas
e democráticas nos espaços em que vivemos e rejeitando determinadas
práticas políticas, ou melhor, determinados políticos ao invés de declarar
irracionalmente: “detesto política”.